Por Michael Bathon, vice-presidente de serviços em nuvem da Rimini Street
É comum as organizações que migram de uma infraestrutura on-premise para uma infraestrutura de nuvem pública como serviço (IaaS) operarem, por algum tempo, em modelo híbrido. Não é segredo que migrar instantaneamente tudo do data center para a nuvem é, praticamente, impossível. Mas por quanto tempo eles podem (ou devem) coexistir?
Não aconselho as companhias utilizarem infraestruturas híbridas por muito tempo. Isso porque a maioria das organizações têm resultados mais tangíveis ao migrarem grande parte, ou todos, os seus sistemas para o IaaS na nuvem – executando a migração durante dois ou três anos de forma gradual e estratégica.
Por que as empresas estão migrando para a nuvem
Um dos principais fatores para essa mudança acontecer é a maior disponibilidade no mercado de talentos de TI experts em nuvem. À medida que o hardware e os legados se tornam antigos e “velhos”, automaticamente os profissionais com experiência nestas tecnologias também começam a diminuir no mercado – seja porque se aposentam ou até mesmo mudam de carreira – e não há talentos mais jovens com experiência em hardware mais antigo da IBM ou da Sun Microsystems, por exemplo. Profissionais com bastante conhecimento é algo muito valioso, e, consequentemente, torna-se caro substituí-los e/ou perdê-los.
Já os talentos recém-chegados na área de TI ingressam no mercado de trabalho com um certo conhecimento em nuvem. Portanto, para as organizações atraírem estes talentos, retê-los e fazê-los trilhar uma carreira de ascensão, estar na nuvem é um dos quesitos – ter apenas infraestrutura on-premise e ferramentas relacionadas irá afastar os profissionais mais jovens do quadro de funcionários.
Ao analisar infraestrutura on-premise versus na nuvem, há diversos fatores que devem ser considerados. Gerenciamento, suporte de hardware on-premise e dispositivos de rede, por exemplo, normalmente utilizam conjuntos de ferramentas diferentes em relação à nuvem. Isso inclui monitoramento, gerenciamento de desempenho e suporte à implementação. O modo como essas ferramentas funcionam pode ser além do que uma simples diferença de terminologia, pois gerenciamento e segurança de IaaS na nuvem geralmente são itens bem diferentes em função e uso quando comparados com ferramentas on-premise.
Três principais desvantagens do modelo híbrido de longo prazo
Operar em uma configuração híbrida de modo definitivo é possível em teoria, mas ter orçamentos ilimitados como parte da rotina simplesmente não é viável. Pode-se dizer o mesmo também quando as empresas decidem manter o híbrido por um longo período – não faz sentido para os negócios. Veja o porquê:
- Requer suporte adicional. Em um modelo híbrido, é necessário ter profissionais que ofereçam suporte on-premise e suporte na nuvem. Essas equipes lidam com patches, monitoramento, failover, backup e restaurações – isso significa mais do que trabalho extra, é conhecimento/mão de obra extra e, provavelmente, ferramentas extras.
- Custos onerosos geram questões de inflexão. O footprint físico que suporta a arquitetura on-premise, provavelmente construído anos atrás quando fazia sentido, em algum momento não terá mais ROI justificável. As empresas começam, basicamente, a pagar pelo espaço que não precisam ou usam.
- Ter equipes para a nuvem e o on-premise. Ter equipes focadas na nuvem e no on-premise pode desencadear alguns problemas internos a longo prazo – uma vez que todos sabem que este modelo híbrido não pode ser mantido por muito tempo, por questões óbvias. Então, tomar uma decisão rapidamente é o melhor caminho, para que todos os profissionais de TI envolvidos estejam cientes dos planos da empresa.
Tudo se resume às pessoas
Oferecer suporte à IaaS local e na nuvem requer muitos talentos no quadro de funcionários. Caso as companhias precisam ter suporte 24 horas por dia, 7 dias por semana – quantos engenheiros é necessário para suportar todos os sistemas durante 365 dias por ano?
As organizações tentam recrutar profissionais que permaneceram na equipe por muitos anos, mas levando em consideração as várias horas trabalhadas, a dinâmica desta área e o estresse deste modelo de trabalho que requer plantões e trabalhos aos finais de semana, comum na tecnologia, pode fazer com que estes colaboradores não permaneçam por muito tempo na empresa. Além disso, as companhias não podem esperar que as pessoas que fazem plantão toda semana sejam as mesmas que irão implementar uma solução inovadora de software/hardware.
Como o modelo híbrido é inevitável durante a fase de transição para a nuvem IaaS, o ideal é tornar essa transição eficiente e econômica. Tendo isso em mente, há três etapas a serem seguidas para tornar o processo mais fluido:
- Traga todas as partes interessadas para a discussão. Os líderes de TI devem se unir aos CFOs e outros líderes de negócios para mapear e explicar por que cada etapa de uma migração para a nuvem faz sentido para os negócios.
- Realize uma análise completa de TCO. Analisar os custos envolvidos em uma migração para a nuvem requer muito mais cautela e atenção do que apenas usar as calculadoras online fornecidas pelos principais fornecedores de nuvem.
- Construa um roadmap de três anos. Com base nas prioridades de negócios, deve-se criar um plano de migração para a nuvem de forma incremental e certificar-se de que esse plano continue avançando.
Geralmente, a migração de sistemas voltados para os clientes e os sistemas internos são prioridades. A partir daí, começa-se a ver com clareza o real ROI do projeto. Os sistemas de arquivos ou dispositivos de rede, na maioria dos casos, não são migrados logo no início – mas não deixe de fazê-los para não comprometer o bom funcionamento dos negócios.
Não existe uma solução simples que funcione para todos os negócios, e essas são apenas algumas das considerações que precisam ser feitas. A forma como as companhias migram para nuvem pública é sempre particular, mas limitar o tempo operando no modelo híbrido quase sempre é o melhor caminho para o sucesso.